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A Formação de Obreiros
A Formação de Obreiros

 

A Formação de Obreiros

 

 

 

Índice

Índice ..................................................................................... 2

A Formação de Obreiros ........................................................ 3

1 | Cada Discípulo, um Obreiro ............................................. 5

2 | A Partir do Chamado Começa a Formação ....................... 8

3 | O Contexto Indispensável ................................................ 9

4 | A Escolha de Deus .......................................................... 15

5 | É Deus Quem Forma Obreiros ........................................ 20

6 | Conclusão ....................................................................... 22

 

A Formação de Obreiros

O tema que trataremos é a formação de obreiros. Devo dizer que é um tema

que me apaixona. Desde o princípio nos meus trabalhos de pregação e formação de

igrejas, sempre o tinha presente como um elemento fundamental para o

crescimento e a estabilidade da Igreja. E foi a isto mesmo que Jesus empregou sua

maior dedicação.

A formação de obreiros foi a prioridade número um de seu ministério entre os

homens. E isto, porque era precisamente por meio destes obreiros que Ele

perpetuaria seu ministério sobre a terra. Desde o princípio, quando começaram

soprar os maravilhosos ventos do Espírito Santo sobre nós em Buenos Aires, havia

certas palavras chaves que Deus imprimiu muito profundamente em nossas mentes

e corações:

 

UNIDADE, MULTIPLICAÇÃO, EDIFICAÇÃO

Entendemos, então, que Deus tem uma só família, que é sua igreja e,

portanto, como servos seus, temos que trabalhar para sua unidade. Deus quer uma

igreja em cada cidade. Também quer Ter muitos filhos, isto nos imprimiu a urgência

de multiplicar-nos. Porém, Ele quer que cada um dos redimidos sejam iguais a Jesus.

Em vista disso, anotamos a palavra “edificação”, porém, logo nos demos conta que

nossa proposta era incompleta. Como poderíamos realizar plenamente esta obra

sem obreiros?

Quando pensamos em obreiros, pensamos em atividade, trabalho, avanço. O

obreiro é parte vital de todo empreendimento. Assim como as colheitas perdem-se

e os campos tornam-se áridos por causa da falta de braços que lavram a terra,

também a igreja míngua e morre por falta de obreiros qualificados e responsáveis.

Se a Igreja irá crescer, também terá que crescer o número de obreiros. Assim

como é inútil pensar na multiplicação de pássaros se não multiplicarmos os “casais”

de pássaros que cuidarão das ninhadas, igualmente é inútil propor a multiplicação

de discípulos se não multiplicarmos, juntamente com eles, os pais e mães espirituais

que lhe darão cuidado.

Deus está interessado na grande multiplicação de seus filhos, e Ele nos deu

um encargo: que produzamos uma multiplicação de esteja em contínua expansão.

Que seja como um enorme imã, o qual retenha e contagie todos. Evidentemente, a

dinâmica de tal expressão depende fundamentalmente da maneira que sejamos

capazes de produzir e multiplicar obreiros.

Esta expansão contínua de discípulos e obreiros é a única maneira de nos

projetarmos sobre as futuras gerações. Do contrário , nossa obra se extinguirá. Esta

A Formação de Obreiros

foi a chave no pensamento de Jesus. Nenhuma outra consideração ocupou tanto

sua atenção. Sua maior dedicação foi concentrada na formação de doze homens,

seus obreiros, e fez de maneira tão eficaz que eles atingiram completamente seu

Nestes dias, estamos admirados com a presença de multidões envolvidas pelo

impacto do Evangelho nas grandes campanhas. Também temos visto verdadeiras

multidões respondendo ao chamado. Graças a Deus pelo bom fruto que permanece.

Porém, ficamos preocupados ao comprovarmos o pouco que isto representa.

Notamos outra vez, que uma das razões principais desse resultado é a falta de

obreiros em qualidade e em quantidade suficiente para realizar a colheita. Nosso

clamor realmente é: “Ó Deus, dá-nos obreiros!”

 

 

1| Cada Discípulo, um Obreiro

Este é um princípio importante que devemos estabelecer desde o início em

nosso estudo. É fundamental que entendamos isto: cada discípulo é um obreiro.

Cada crente, cada convertido, cada discípulo deveria ser um obreiro do Senhor. E

não me refiro a um sentido relativo, mas absoluto: cada discípulo, exercendo os

dons e as faculdades dadas pelo Espírito Santo.

As irmãs também? Sim; nesse tema que estamos abordando não há diferença

entre homem e mulher. Isso temos que assimilar profundamente, porque, caso

contrário, não funcionará.

Vejamos o que nos ensinam os apóstolos:

a) “Com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu

serviço...” (Ef. 4:12)

Nesse texto Paulo destaca claramente que a primeira responsabilidade do

presbitério é o “aperfeiçoamento” (ou edificação) a fim de que cada um desenvolva

e exercite o ministério que o Senhor lhe deu.

Duas coisas devemos destacar:

1) Referindo-se aos “santos”, está se referindo a toda a Igreja, e, portanto, a

cada membro em particular.

2) A instrução comunicada a cada um consiste em colocá-lo na função de

ministrar (ou, servir “diakonia”) na Igreja.

b) “Nos reconciliou... e nos deu o ministério da reconciliação”. (II Co 5:18)

Paulo refere-se aos “reconciliados”, portanto, a toda a Igreja; a cada membro,

homem ou mulher; e diz que, por serem reconciliados, receberam o ministério da

reconciliação. A seguir passa a especificar em que consiste este ministério:

“... pôs (Deus) em nós a palavra de reconciliação. De sorte que somos

embaixadores da parte de Cristo”.

Prossegue especificando mais claramente a função:

“... como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos pois da parte de Cristo que

vos reconcilieis com Deus”.

Em seguida, dá-nos uma espécie de modelo desta “palavra de reconciliação:

2 Co. 5:21 “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele

fôssemos feitos justiça de Deus”

Neste texto, dificilmente podemos interpretar que Paulo refere-se a si mesmo

e aos demais apóstolos. É corretíssimo entender, literalmente, que todos os

“reconciliados” (quer dizer; toda a Igreja; cada redimido) recebe esse ministério.

Para esse esclarecimento deve-se comparar esta passagem com as palavras

de Pedro em 1Pe 2:9.

c) “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações...” (Mt. 28:19)

Finalmente, a fim de esclarecer que cada um dos “santos”, dos “redimidos”,

deve exercer o ministério comum que Deus lhe deu, vejamos agora o mandamento

de Jesus em sua grande comissão.

A quem comissiona? Pareceria que fora aos apóstolos daquele momento,

porque disse que os chamou. Porém, como diz que a comissão é “até aos confins da

terra”, será, então, a todo o ministério apostólico através dos séculos ? É

fundamental que nos coloquemos de acordo sobre este ponto. Se o Senhor dirige o

chamado a certos ministérios especiais, é uma coisa. Porém, se descobrirmos,

concretamente, que Ele está dirigindo-se a toda a Igreja, é também outra.

A comissão não se cumpre meramente por chamar pessoas, mas sim por ungi-
las a fim de que tenham a autoridade divina para realizá-la completamente. O

chamado vai junto com a unção. Os que têm a unção são os que têm que ouvir o

chamado, Jesus anunciou, na hora certa, aos que estavam com Ele no monte:

“Recebereis poder... e sereis minhas testemunhas...” (At. 1:8). Mais tarde, Pedro

anuncia aos que receberam a palavra no dia de Pentecostes: “...Pois para vós outros

é a promessa... para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”. (At. 2:39).

Passara aproximadamente cinqüenta dias que o Senhor dissera aos seus

discípulos para não saírem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai.

Com as mesmas palavras, Pedro anuncia à multidão de discípulos que essa

promessa também estendia-se a eles, mesmo tendo-se em vista que estavam se

convertendo naquele instante.

Não resta nenhuma dúvida que o mandamento de Cristo na grande comissão

é dirigida a todos e a cada um dos seus discípulos, sem distinção de sexo ou de dom.

Este é o principio da grande colheita.

A Igreja que compreende esse princípio é formidável. Bem-aventurados os

pastores que o entendem, o vivem e fazem vivê-lo cada um de seus membros, sem

exceção de nenhum: novos na fé, velhos, anciãos, crianças batizadas, homens e

mulheres, todos. Todos, sempre, de todas as maneiras e em todo lugar. Isto não é

somente uma ocupação que produz muito fruto, mas que dá saúde e defesa para a

igreja, é um indispensável elemento formativo. Ninguém poderá valer muito ao

ingressar em outros ministérios se não experimentou profundamente esta escola.

Este é o princípio da colheita. Como se pode entender que semeamos alguns

poucos quilos de semente, cada uma de insignificante tamanho, e colhemos

toneladas ? Será que algumas plantas deram milhares de quilos de frutos? Não: cada

uma deu um pouquinho. O princípio divino que opera as maravilhosas colheitas

resume-se, simplesmente em:

Todas as sementes, constantes e fiéis, produzem sua pequena cota de

Este incrível e maravilhoso método de Deus para produzir colheitas é o

mesmo método que Ele propõe para a multiplicação da igreja. Porém, o diabo é o

grande inimigo deste plano. Ele confunde-nos, complíca-nos, procurando ofuscar

essa glória e benção tão simples. Ele faz as mulheres crerem que devem somente

criar filhos e ocupar-se da casa. Quando perdemos “as que evangelizavam”, descobri

que perdemos dois terços dos frutos. Às crianças e aos jovens lhes é dito que têm

muito a aprender e, aos idosos, que já não servem mais para nada. E aos pastores e

diáconos, que organizem alguma coisa. Devemos prestar atenção: o “ladrão”

sempre está perto: alguns sempre estão buscando um método mais rápido e

O resultado é uma igreja adormecida. Depois, com uma campanha,

procuramos despertá-la e preencher o vazio do fruto que não se obteve. Porém,

como não há discípulos treinados e obreiros capazes, faltam “braços para manejar a

rede”... e perde-se o fruto. E, ao final, o que houve foi somente um grande

entusiasmo. Parece que Deus está nos dizendo: “vê a semente, ó preguiçoso...

aprenda e sê sábio”.

fruto, e, entre todas, produzem a grande colheita.

 

2| A Partir do Chamado Começa a

Formação

 

Talvez tenhamos nos apercebido de quão importante é o evangelho que

pregamos para a formação de obreiros. Vocês sabem que no próprio chamado está

o germe do produto que iremos obter? Alguns pensam que devemos começar

dando pouco do evangelho, depois trataremos de dar o restante. Estamos

aprendendo, com dor, a falência deste método. Não é fácil endireitar algo que

nasceu torto.

O evangelho é uma semente que deve conter em si todos os elementos vivos

e ativos do discípulo que vamos obter. Como sucede na natureza com a semente,

assim irá suceder na pregação do evangelho. A semente contém tudo o que irá ser a

árvore ou a planta que sairá dela. A lei de Deus é que cada espécie produz segundo

a sua natureza. Assim sucede com o ovo de uma ave ou com um óvulo fecundado.

Também contém a faculdade da reprodução de si mesma. Disse Deus:

“produza a terra... árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente

esteja nela” (Gn 1:11). Quando Jesus pregou o evangelho, teve especial cuidado em

apresentar toda a mensagem, incluindo as advertências e as condições. Não havia

nenhum engano em sua forma de pregar, nem jamais deixou ninguém confundido.

Ele realmente pregou o evangelho do reino, visando recrutar homens

comprometidos, os quais depois realizaram seu próprio serviço. Jesus deixou muito

claro que o evangelho do reino estabelecia o governo de Deus sobre a vida dos

homens. Após receberem o evangelho, o fundamental era que todos

permanecessem sob a vontade de Deus a fim de servirem aos propósitos de seu

reino. Isto é o que Jesus enfatizou. Esse princípio se vê em sua declaração:

Jo 15:16 “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós

outros e vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça...”.

 

3| O Contexto Indispensável

 

Na formação de obreiros é também de vital importância o contexto no qual

ele irá ser formado. Anos atrás, quando eu não tinha conhecimento de algumas

dessas verdades, estava muito preocupado porque os novos discípulos que se

batizavam não permaneciam. Então redobrávamos nossos esforços a fim de

produzirmos um melhor ensino para os que se batizavam.

Porém, meu problema não se solucionou e, por mais que melhorássemos as

aulas e esperássemos mais tempo para os batismos (naquele tempo celebrávamos

um ou dois por ano), sempre sofríamos a mesma desilusão. Depois compreendi: era

a igreja que estava mal! Quando os que se batizam são introduzidos em uma igreja

cheia de amor e santidade, onde se sente a presença do Senhor, quem quer ir

embora? Alguém ir embora é, então, a exceção.

Não é suficiente que uma criança nasça sadia, também é necessário colocá-la

em um ambiente onde tenha todos os recursos para seu cuidado e

desenvolvimento.

O pássaro em seu ninho, no galho de uma árvore diante da imensidão do céu,

ar, campos e flores; os peixes nas profundezas dos rios e dos mares, rodeados dos

mais exóticos e infinitos recursos. Cada animal sente-se feliz e realizado no

ambiente em que Deus lhe colocou. Até o verme é feliz... estou seguro, Deus

domina o meio-ambiente (contexto) em que devem criar-se e desenvolver-se seus

discípulos; em uma só palavra: igreja.

É muito comum ouvir-se dizer que os convertidos ao Senhor têm tudo. “Já

estás salvo, tens teu nome escrito no livro da vida, o Espírito Santo habita em ti.

Agora tens que cuidar de tua salvação. Leia a Bíblia, ore e não falte às reuniões”.

No entanto, diria que eles não têm tudo, o que lhes foi oferecido não será

suficiente para desenvolvê-los. Então, de que necessitam? Necessitam:

a) Unir-se como membro ao corpo de Cristo, que é a Igreja

Aqui não é necessário fazermos um estudo sobre a igreja, mas sim, anotar

elementos que nos trarão importantes esclarecimentos. Em Atos capítulo 2, Lucas

registra uma importante seqüência dos passos propostos pelos apóstolos à igreja

que nascia naquele momento. É esclarecedor voltar às origens. Eu diria mais: não a

percamos de vista. Os começos de Deus recordam-nos todos os elementos que

estavam funcionando.

Deus não tem necessidade de ensaiar ou de praticar as coisas que irá fazer.

Também não muda. Como era no princípio será até o fim. A igreja, que é sua obra

predileta, também não muda: A igreja não se moderniza e nem fica velha; a igreja

será sempre a igreja, como Deus a fez, até a vinda do Senhor.

Lucas diz em (At 2:41) Então os que lhe aceitaram a palavra foram batizados,

havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas.

Eu pergunto: a que se agregaram os três mil ? Aos cento e vinte que estavam

com os apóstolos. Os novos, recém nascidos, agregaram-se, uniram-se com os que

já tinham vida formada.

Estes cento e vinte constituíram o contexto vivo e saudável (o meio ambiente)

para os três mil novos discípulos. Não foram meramente convidados a ler a Bíblia,

orar, assistir aos cultos, receber de vez em quando uma visita pastoral e visitarem-se

entre si. Não era isto, mas sim uniram-se a um corpo vivo. O que os apóstolos

pregavam, os cento e vinte viviam. Os três mil uniram-se a essa vida; foram contidos

Lucas diz:

At 2:42-46 “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e

nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos

apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas

propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.

Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas

refeições com alegria e singeleza de coração.

At 4:32 Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava

exclusivamente sua nenhuma das coisas que possuía; tudo porém lhes era comum.

Assim foi a experiência de unidade que viveu a igreja já em sua origem: O que

estava morto recebeu a vida de Cristo Jesus pelo evangelho e veio ajustar-se, unir-
se, depositar-se totalmente na massa candente de vidas e espíritos que tinham os

cento e vinte. Estes, como leveduras espirituais viva, penetraram nos três mil e os

levedaram por completo. Em pouco tempo eram três mil cento e vinte... e não se

notava a diferença. Refiro-me a esse processo quando digo que, na formação de

homens para o ministério, é indispensável este contexto. Podemos pregar-lhes,

apresentar-lhes programas de estudo, fazê-los lerem livros e traçarem esquemas em

uma lousa.

Tudo isto é bom. Tudo isto fazemos e iremos seguir praticando. Porém, não é

suficiente. Somente conseguiremos uma intelectualização de sua formação, mas

não a formação de fato. Somente a união vital com um corpo vivo pode produzir a

formação que se requer.

Porém, realmente, como era essa comunidade de discípulos? Não somente

eram espirituais, oravam, cantavam, louvavam, aprendiam as doutrinas dos

apóstolos e se comportavam bem, tinham paz e bom testemunho. Tinham mais. Isto

não teria sido suficiente para formar os três mil como obreiros aprovados. É que

também se esforçavam, dia e noite, em levar o evangelho pelas ruas, praças, casas e

no templo. Os três mil tinham que envolver-se nas grandes, contínuas e sacrificiais

atividades de um mover de discípulos repletos de zelo santo ao servirem o Senhor.

Estes discípulos venceram sua comodidade, romperam o contexto burocrático

de sua vida materialista. Puseram seu coração e suas vidas nas mãos e enfrentando,

se fosse necessário, o martírio, levaram o evangelho a todas as partes de sua cidade.

Eram notórios, públicos; “cartas conhecidas e lidas por todos”. Levaram o evangelho

às regiões longínquas. Não tinham rádio, televisão, papel, ou imprensa; nem sequer

organizaram campanhas, porém, viveram e trabalharam até encher todas as partes

com o evangelho e colocar cidades e impérios sob o poder do evangelho.

Este foi um “meio de cultura” adequado para a formação dos três mil. Penso

que o normal entre eles era ser obreiros, plenos de sabedoria e coragem. Não é meu

propósito fazer análise de suas características e virtudes. Pretendo destacar

somente uma coisa:

“Na formação de obreiros, o contexto (meio ambiente) é fundamental.

Nossos discípulos necessitam de duas coisas para desenvolverem-se:

companheirismo e exemplo”.

Vamos dar, a seguir, uma olhada de perto na igreja, tal qual é descrita por

Paulo. Mais do que ficar admirados com sua vida espiritual, creio que temos algo

mais a aprender sobre sua comunhão como corpo de Cristo.

b) A igreja – Corpo unido pelas juntas

Durante vários anos, o capítulo 4 do apóstolo Paulo aos Efésios tem nos

ensinado importantes lições no que diz respeito aos ministérios e suas funções na

igreja. Penso que ainda está nos ensinando. Espero poder, neste estudo, ressaltar

um aspecto do funcionamento da igreja como corpo, no meu entender, é de maior

importância. Talvez descubramos algum segredo que possibilitou à igreja primitiva

ser tão plena de vida e amor.

Há uma frase referente à essa igreja que sempre me impressionou e me fez

meditar muito: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam...”(At.

4:32). Haverá uma lição a aprender disto?

Vejamos o que Paulo ensina:

Ef 4:11-13 “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para

evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o

desempenho dos seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos a

unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da

estatura da plenitude de Cristo”.

O tema é:

Os ministérios na edificação da igreja

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para

evangelistas, e outros para pastores e mestres, querendo o aperfeiçoamento dos

santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo; até que

todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, o varão

perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”.

Menciono de passagem este trecho. É talvez, uma das passagens mais

meditadas neste capítulo. Direi somente que ela serviu para revisar e atualizar-nos a

respeito dos ministérios que o Senhor quer restaurar em sua igreja nestes dias,

quero destacar que quando mencionamos: “pastores e mestres”, parece-nos que já

chegamos ao final do ministério que Deus colocou na igreja. Ainda agregaríamos

diáconos e diaconisas e depois os diversos dons e operações do Espírito Santo. Isto

seria tudo, e aí terminariam os ministérios na igreja.

No entanto, estamos descobrindo algo: a relação prossegue e somente

termina nos versículos 15 e 16. E, se me permitem, o que segue abaixo é o

complemento indispensável dos ministérios dos apóstolos, profetas, evangelistas,

pastores e mestres, caso contrário, eles ficam incompletos. Não funcionam bem!

Devemos, então, ler e compreender a passagem completa desde o versículo 11 até

O ministério das juntas do corpo

“Ef. 4: 15,16 15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo

naquele que é a cabeça, Cristo, 16 De quem todo o corpo, bem ajustado e ligado

pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu

próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.”

Destacamos o seguinte:

a) Paulo apresenta a Cristo como cabeça de seu corpo. Aqui Cristo volta a ser

a pessoa dominante, ou seja, aquele que constitui (v. 7-11); Dele flui graça como

cabeça do corpo (v.15)

b) No versículo seguinte, Paulo trata mais particularmente do corpo e da

função das juntas. Toda a graça do corpo vem da cabeça: “do qual todo o corpo...”

c) Paulo agora expõe os princípios de funcionamento das juntas do corpo.

Devemos notar que ele não está referindo-se a algo casual ou sugerido, mas declara

em forma de mandamento. Repito, ele não está sugerindo, mas mandando. Está

dizendo que assim é a maneira como deve funcionar o corpo.

Falemos agora sobre cada indicação que Paulo dá:

a) Todo o corpo. Todo membro do corpo deve cumprir as funções que Paulo

declara. Ninguém deve abster-se. Não exercer essa função equivaleria a andar

espiritualmente mal.

b) Bem ajustado, e ligado. Convenientemente relacionado e comprometido

com a função que se requer. No nome do Senhor, para seus propósitos e glórias.

c) De todas as juntas. Cada um é junta de seu irmão. Criados em Cristo como

parte um do outro. Na medida em que compreendemos o sentido das palavras de

Paulo, é impressionante como se deixa de lado todo conceito de estar sozinho, de

ser independente e isolado.

d) Segundo a justa operação de cada parte. Devemos notar que é uma ação

mútua. Que é para ajudar-se: proteger, animar, consolar, etc. Nesta ação se

exercem os dons e virtudes concedidos pelo Espírito Santo.

e) Faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor. O fruto. É

importante destacar que em toda esta seção, em que Paulo faz uma exposição

completa dos distintos ministérios, suas funções e frutos, a única vez que aparece a

palavra “amor” é nestes dois últimos versículos em que se fala das juntas do corpo.

Sugiro que os versículos 12 e 13 refiram, principalmente, ao aspecto estrutural do

crescimento. Porém aqui, na definitiva função das conjunturas, completa-se e torna-
se efetiva a edificação.

Este conceito exposto acima se torna mais claro quando tomamos

conhecimento do que Paulo diz aos Colossenses:

Cl 3:16 “Habite ricamente em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos

mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais,

com gratidão em vosso coração”.

Podemos compreender todo o bem espiritual, e o amor que se desprendem

desta relação de juntas, se é que ela é praticada conforme Paulo nos diz. Não creio

que possamos pensar em um exercício mais formativo. E para esta relação há uma

maravilhosa promessa do Senhor: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em

meu nome, ali estou no meio deles”. (Mt. 18:20).

Evidentemente estou falando de um ministério quase desconhecido. Não se

trata de uma mera relação, mas sim de um compromisso entre dois discípulos para

exercer uma profunda e sincera relação de amor e serviço mútuo. Cada um vive a

serviço do outro, com o fim de ensinarem-se, exortarem-se, e juntos levarem as

cargas do serviço para o Senhor.

Esta relação de amor é impossível sem o auxílio do Espírito Santo imprimindo

em cada um o caráter de Cristo. Foi para isto mesmo que Paulo escreveu aos

Colossenses:

Cl. 3:12-15 “Revesti-vos pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de

misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos

outros, perdoai-vos mutuamente, ...”

Essa dimensão era vivida pela igreja primitiva. Foi o que a formou em

santidade e a fez um só coração e uma só alma. Esse formidável ministério de juntas

do corpo de Cristo forma, transforma, trata com egoísmo e com o orgulho do

coração. Forma humildes e ensina-os à serem misericordiosos. Dá poder à oração,

dá força e torna eficaz o ministério de cada um... Forma discípulos, forma obreiros.

Transforma a igreja em um corpo vivo, capaz de abençoar e transformar todo

aquele que ela recebe em seu seio.

 

4| A Escolha de Deus

 

Eu não sei por que temos marcado tão fortemente o começo da igreja no livro

de Atos, quando seu nascimento realmente se origina nos evangelhos.

Evidentemente, ao cometer esse erro perdemos lições vitais em vários assuntos

como, por exemplo, o tema que agora nos ocupa: a formação de obreiros.

Recordo que, anos atrás, quando estava estudando as palavras de Jesus em

Mt. 28:19-20, repentinamente o Espírito Santo iluminou-me cinco palavras da frase

ali registrada: “Ide, fazei discípulos, ensinando-os a guardar...” Em um instante

percebí a enorme importância dessas palavras. Abriram-se todo um mundo de

considerações. De repente, compreendi a importância dos evangelhos. Agora

representavam para mim o manual que registra o modo de trabalhar de Jesus: Não

era Ele o grande exemplo que eles teriam que imitar? Não lhes havia instruído

minuciosamente durante três anos e meio? A tarefa que agora teriam que cumprir

não era a mesma realizada por Jesus? E se era assim, acaso Ele queria que

trabalhassem de outra maneira?

De repente compreendi a enorme importância que tinha a “escola” que Jesus

havia dado aos seus discípulos, e como necessitavam de todas essas lições para

realizarem plenamente a obra que Jesus lhes havia encomendado.

As palavras de Jesus: “Eu sou o caminho... segue-me...”, adquiriram um novo

profundo sentido para mim. Seu desejo não era que seguissem somente sua

doutrina, mas também sua forma de trabalhar e sua estratégia. Pela primeira vez

compreendi que era tão importante saber o que quer o Senhor, como também

como Ele quer que se faça.

a) Em que consistia a “escola” de Jesus ?

Consistia em algo muito simples:

Um homem, Jesus,

Com uma missão específica, que consistia em comunicar aos homens o

Toma alguns homens: “Para que estivesse com Ele...”. “Para enviá-los a

Reino de Deus, convidá-los a recebê-lo e serem salvos por meio da

redenção que Ele mesmo efetuaria.

pregar...”. “Transmitindo-lhes sua autoridade...” (Mc.6:7)

 

b) Quais exigências lhes eram impostas ?

Primeiro: Os discípulos tinham que alcançar a mesma estatura de seu

Segundo: Teria somente três anos e meio para recrutar, ensinar e enviá-los

Terceiro: Durante estes três anos e meio, além da tarefa de formar

Mestre. Eles tinham que ser, dizer e fazer igual a Ele.

paraa tarefa. Depois desse prazo Ele já teria deixado a terra e voltado ao

céu.

discípulos, estaria todo o tempo envolvido em uma intensa tarefa de pregar

e atender às necessidades de grandes multidões em toda a extensão de

Israel. Isso lhe imporia também a necessidade de estar viajando

continuamente.

Como vemos e avaliamos essa situação ? Qualquer pessoa que conheça

alguma coisa de pedagogia diria que a tarefa que se impunha a Jesus era impossível

de ser realizada. Era uma loucura. Como, uma pessoa tão intensamente ocupada em

outras tarefas, teria tempo para formar esses discípulos ? Ainda que se dedicasse

exclusivamente a formação de seus discípulos, deixando de lado o trabalho com as

multidões, como poderia, em três anos e meio somente, obter deles o nível tão

elevado de sua própria estatura ?

Alguém poderia opinar que a única possibilidade seria contar com homens

que tivessem já uma avançada formação. Porém, sabemos que não foi assim, mas

sim o contrário disso: O Senhor escolheria homens sem preparação, que nem

remotamente haviam sequer imaginado a tarefa para a qual lhes designaria. Nos

cálculos do Senhor seria algo excepcional usar alguma pessoa de maior preparo.

No entanto, sabemos que Jesus cumpriu admiravelmente sua missão.

Antevendo o fim de seu tempo na terra, orou a seu Pai: “Eu te glorifiquei na terra,

consumando a obra que me confiaste para fazer. (Jo.17:4)

Que explicação podemos dar? O comentário que faremos constitui um ponto

medular em nosso estudo. Diria que é a lição por excelência que precisamos

aprender. Observemos: A estratégia do ensino de Jesus fundamentava-se em dois

princípios simples:

Exemplo e companheirismo

Compreender cabalmente isto, significa encontrar-se frente a frente com o

mais simples e descomplicado método de ensino que se possa conceber. É evidente

que na estratégia de Jesus não entrava o conceito de seminários, estudos

sistemáticos, aulas de estudo que, hoje, são considerados indispensáveis.

É evidente que os caminhos de Deus não são os nossos caminhos. E é

importante notarmos que são seus métodos que temos que adotar se pretendemos

formar homens que lhe sirvam. Se não entendermos isto, evidentemente iremos

b) Exemplo

O exemplo é o mais excelente método de pedagogia, nada o supera. Há

filósofos que dizem não haver outro. O que não se ensina com o exemplo... não se

ensina. Na escola do exemplo, a atenção dirige-se a dois elementos. É indispensável

que não falte nenhum dos dois:

O mestre precisa ser e trabalhar como quer que seu discípulo seja e

trabalhe.

O discípulo precisa ter a disposição de ser e fazer como seu mestre.

Quanto ao ensino que temos que comunicar, tenhamos em vista que,

realmente, não se trata de regras e preceitos, mas sim de uma Pessoa: A pessoa de

Jesus Cristo, o Filho de Deus. “E a vida eterna é esta: que te conheçam...” (Jo. 17:3).

Jesus comunicou este conhecimento ao revelar-se aos seus discípulos. Ele era a

imagem, com todos seus valores, que se apresentava agora entre eles para ser

Agora somos nós, os que pelo Espírito Santo temos a presença de Jesus, que

devemos dizer como Paulo: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”.

(1Co 11:1)

c) companheirismo

Jesus expressava seu chamado com somente uma e significativa palavra:

“segueme”. Literalmente, Jesus dava-se a si mesmo. Ele era o “pão” que se oferecia

para que os homens comessem. Pregava, porém, Ele mesmo era a substância de sua

pregação. Responder à sua mensagem consistia em vir a Ele, relacionar-se, associar-
se, “comungar”. A relação de Jesus com seus discípulos revela precisamente isto. Ao

seguir a Jesus acharam um amigo.

Sentiram-se recebidos, compreendidos, honrados e amados. Nunca haviam

conhecido semelhante e doce companheirismo e amor. “Como havia amado os

seus... amou-os até o fim...” (Jo 13:1). Também descobriram que esta relação estava

cheia de inefável significado: acharam o Pai, a vida eterna e o chamado supremo

para suas vidas.

Porém, Jesus também necessitava deles. Eles eram seus amigos, sua

companhia, sua equipe de trabalho. Eles eram seu consolo. Quando ninguém o

compreendia, eles compreendiam. É importante notar a tristeza de seu coração nas

ocasiões em que experimentou terrível solidão. Sua alma clamava pelos seus... seus

discípulos tinham um papel importante no cumprimento de sua missão.

Mas havia um ingrediente indispensável que estava presente, para que Jesus

cumprisse a tarefa de formar aqueles homens:

Eles tinham que estar juntos a Ele na própria realização e desempenho do

Isto era fundamental para formá-los à sua imagem. Tinham que estar ali,

junto Dele. Vê-lo, Apalpar-lhe, Ouví-lo, Contemplá-lo. Por mil canais tinham que

recebê-lo e conhecê-lo até que Jesus se tornasse carne neles. Era, então, onde

exclamariam:

Jo 6:68-69 “Tu tens as palavras de vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o

Cristo, o Filho de Deus”.

Foi ali onde Pedro exclamou: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt. 16:16).

Foi por essa experiência que João exclamou:

1 João 1:1,2 “... 1 o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e

as nossas mãos apalparam com respeito ao Vebo da vida. (E a vida se manifestou, e nós a temos

O que haviam visto? Haviam visto a Jesus em toda a glória de seu ministério,

sua pregação, sua autoridade, sua sabedoria. Dizíamos antes: como era possível que

Jesus realizasse o trabalho e ao mesmo tempo desse atenção às multidões, viajando

incessantemente, em vez de instruir aos seus discípulos ? Agora já temos a chave:

Seus incessantes trabalhos e atenção às multidões e suas contínuas

seu ministério.

viagens, longe de atrapalhar o ensino aos seus discípulos, constituíram-se

na própria “aula” de treinamento.

Esse contexto provia ao Mestre elementos insubstituíveis para o ensino e

formação de seus discípulos que não teria sido possível obter de outra maneira.

Comumente se diz: “O chacareiro se forma na chácara”. E esta era a “chácara” de

Jesus. Deus espera que entendamos isto. Vê-se que Jesus não tinha tempo para o

que fosse meramente teórico ou acadêmico. Com o teórico não teria conseguido

nada, e com o acadêmico somente seria produzido homens intelectuais. Inúteis para

a obra a que Ele queria enviá-los.

Quando Jesus concluiu sua obra, não havia formado grandes oradores,

conferencistas ou notáveis pensadores. Os fariseus os desprezavam porque os viam

como “homens sem letras”. Porém, uma coisa notaram: “viam que haviam estado

com Jesus”. Isso era o suficiente para Ele.

Devemos observar o companheirismo de Jesus com seus discípulos em dois

sentidos. Não somente Ele se deu a eles, mas que eles também foram apoio,

estímulo e consolo para Ele. Eles eram os que participavam com entusiasmo em

tudo o que fazia, enquanto outros o ridicularizavam, zombavam e o desprezavam.

Quando a multidão não lhe compreendia, eles alegravam-se e recebiam sua

verdade com todo coração. Eles eram parte Dele, sua “equipe de trabalho”. Que

teria feito sem eles?

Quando contemplamos todo este quadro de Jesus e seus discípulos, temos

que admitir o que Deus diz: “Meus caminhos não são os vossos caminhos...”. Tudo

parece tão ilógico para os nossos conceitos. Mas, ao final, aquele que Deus chama

para servi-lo não deve ser formado com seus métodos? Penso que seremos

prudentes ao entender que:

O Espírito Santo não nos apresenta o método de Jesus como uma alternativa

a mais, mas sim como a única. É o método de Deus, e é o que Ele respalda. Se o

imitarmos dará resultado.

5| É Deus Quem Forma Obreiros

O Senhor diz: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo.15:1).

Nunca antes senti tão forte como nestes últimos tempos, que a obra é Deus quem a

faz. Ele é o “Grande Realizador” de tudo. Vejo a importância de determinar

firmemente em minha consciência que não sou eu quem faz a obra. Jesus, o perfeito

servo, disse: “Eu nada posso fazer de mim mesmo...” (Jo 5:30) “....O Pai que

permanece em mim, faz as suas obras”. (14:10)

Se assim é, que parte refere-se a nós ? Nós somos seus cooperadores. E como

tais, nossa maior virtude é entender bem nosso papel e sermos bons cooperadores.

Paulo o entendeu bem: “Eu plantei; Apolo regou; mas o crescimento veio de

Deus” (I Co. 3:6).

Ao compreendermos esta verdade, já não nos parece estranho descobrir que

nem Jesus nem os apóstolos dão indicações de como fazer obreiros. Somente duas

coisas nos dizem. Por um lado, nos dão abundantes explicações sobre como deve

ser um obreiro; e por outro, a história detalhada da maneira de agir de Cristo e dos

apóstolos.

O Senhor não nos mandou fazer obreiros. Ele mandou-nos fazer discípulos,

mas não obreiros. Qual é o mandamento do Senhor que nos diz respeito à formação

de obreiros?

Lc.10:2 “...Rogai pois ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara”.

Isto é assim porque Deus é quem faz a obra. Foi o Pai que colocou esses

discípulos nas mãos de Jesus: ...“Eram teus, tu mos confiaste...” (Jo. 17:6). Sempre

colocamos ênfase em que Jesus os escolheu, porém, seu maior empenho era

conhecer a vontade do Pai e receber o que Ele lhe dava. Foi o Pai que os “santificou

na verdade...”; foi o Pai que os “guardou”. (v. 19,11).

O que Jesus lhes deu ? Deu-se a si mesmo a eles. O Pai tomou de Jesus e o

repartiu a eles. Qual é nossa parte ? Aprender a:

Relacionar convenientemente os elementos para que Deus possa fazer a obra.

É o exemplo do ovo e da galinha. Se vejo uma galinha agachada no chão, e em

outro lugar vejo um ovo em um cesto, que devo fazer para que nasça um pintinho

desse ovo ? Muito simples: colocá-lo debaixo da galinha. Qual será o resultado?

Nascerá um pintinho. É importante observar que não fiz o ovo, também não

fiz a galinha. Quem fez o ovo, e, quem fez a galinha? Deus. O que fiz? Coloquei o

ovo, que estava no cesto, debaixo da galinha choca. Essa foi minha parte, e, como fiz

a minha parte, Deus fez a sua. Não preciso complicar-me fazendo ovos e galinhas.

Deus faz isso. Mas, como vejo a minha parte nesse processo?

Minha parte é simples, mas tão importante como a parte de Deus.

É Deus quem determina minha parte no processo. Ele não irá fazer sua parte

se eu não fizer a minha. Vocês vieram a Deus por meio de anjos que pregavam o

evangelho e formavam discípulos e obreiros? Certamente, não. Se vemos nossa

obra dentro desse contexto, nos sentimos muito mais tranqüilos, e empregamos

todo nosso entendimento para fazer bem a simples parte que nos toca na obra do

Reino de Deus. Se me permitem, tão absoluto como querer formar um ovo ou um

frango, seria para mim formar um obreiro. Acaso, não é formidável um obreiro do

O obreiro do Senhor é um homem consagrado, submisso, manso, paciente,

estável, firme, constante, cheio de fé, de decisão e visão, capaz de não desmaiar sob

grandes cargas, emancipado de seu egoísmo, generoso, dedicado a servir e guiar

outros, etc.

Se pensarmos que este produto foi obtido de um ser totalmente corrompido

e inútil, só nos resta exclamar: Aleluia! Isto é obra de Deus.

Talvez agora compreendamos porque Jesus declarou acabada sua obra

quando, na verdade, observando a situação de seus discípulos, pareciam muito

longe de estarem formados.

Evidentemente, Jesus colocou toda sua confiança na posterior obra do

Espírito Santo. Para Ele era suficiente. O Pai se encarregaria disso. O Pai era o

 

6| Conclusão

 

Uma breve síntese, do essencial que se depreende de nosso estudo:

1. Na obra de formação de obreiros, primeiramente tenhamos como objetivo

que cada discípulo seja um obreiro. Entendamos que isso é o normal, que é o que

Deus nos propôs. Recomendo que fundamentemos nossa convicção em uma

compreensão clara das escrituras.

2. Devemos prestar muita atenção no evangelho que pregamos. É necessário

compreendermos que desde o chamado começa a formação de obreiros. Devemos

estar seguros, ao pregar, estamos fazendo um chamado a um compromisso com

Cristo, a fim de que o discípulo sirva eficazmente na causa do Reino de Deus sobre a

3. Asseguremo-nos que, ao receber os novos convertidos, lhes estejamos

provendo o contexto indispensável para que cada um deles se formem em obreiros

úteis para o Senhor.

O exemplo dos pastores:

Principalmente os pastores, que geralmente têm todo seu tempo dedicado à

obra, sejam exemplo em imitar a Jesus. Que ponham seus pés nas mesmas pisadas

do Mestre, imitando-o não somente em sua santidade, mas também em seu modo

de trabalhar. Selecionando a outros para que lhes acompanhem, cheguem assim a

formar sua “equipe”, imitando Jesus em dar-lhes exemplo e companheirismo.

Enviando-os para imitar-lhe quando já estiverem preparados.

A união dos membros que formam juntas

A Igreja não deve ser um grupo de pessoas desintegradas, que assiste as

reuniões, mas sim UM CORPO, BEM AJUSTADO POR TODAS JUNTAS QUE SE

AJUDAM MUTUAMENTE...

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